quinta-feira, 1 de março de 2007

Jornalistas da "IstoÉ" em estado de greve


A revista "IstoÉ", terceira maior semanal de informação do Brasil, pode não circular na próxima semana. Em assembléia realizada na última quarta-feira (28/02), jornalistas e funcionários administrativos da Editora Três - que publica a revista - aprovaram o estado de greve, devido a atraso nos pagamentos.


O aviso de paralisação já foi entregue à diretoria da editora. Se a greve for concretizada, as revistas IstoÉ Dinheiro, Dinheiro Rural e IstoÉ Gente também serão atingidas. Ainda não foram efetuados os pagamentos previstos para 5 de fevereiro (salário, férias e fundo de garantia), nem o vale-refeição do último dia 20. Os profissionais reclamam que a diretoria não apresenta propostas para resolver o atraso.

Domingo Alzugaray, proprietário da Três, limita-se a dizer que o pagamento dos atrasados está atrelado à negociação de venda da empresa - o que tende a acontecer até sexta-feira (02). Só que os trâmites legais da compra devem atrasar ainda mais a quitação. Segundo o empresário, alguma parcela poderá ser paga após o dia 12 de março, mas a dívida apenas seria quitada pelo novo sócio.

"Esperamos uma resposta mais respeitosa do que esta - de ficarmos sem salários até depois do dia 10 de março", adverte um funcionário, que também comentou a venda da editora: "O Alzugaray diz que se trata de um investidor, não de um comprador. Seria alguém que entraria como um acionista."

Categoria mobilizadaNova assembléia deve ser realizada ao meio-dia desta quinta-feira (1º/03) com jornalistas, funcionários administrativos da Três e representantes do sindicato desta categoria. A continuidade ou a suspensão da greve depende de posicionamento da editora diante dos funcionários.

Com a indefinição - e a aproximação do dia 05 de março, data agendada para o pagamento de parte dos salários de fevereiro -, os funcionários decidiram, em uma votação de 75 contra 3, parar de trabalhar. Participaram da decisão funcionários da matriz em São Paulo e das sucursais do Rio de Janeiro e Brasília.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo entrou com um aviso de greve, dando prazo de 48 horas para que se haja alguma resolução oficial sobre os salários atrasados. Até o meio-dia de sexta-feira (02), os jornalistas seguirão em assembléia permanente.Caso não haja posição da editora, a greve será decretada.

Três grupos estariam interessados na compra da empresa: a CBM (de Nelson Tanure), o Banco Opportunity (de Daniel Dantas) e Grupo Camargo de Comunicação (associado ao Grupo Bandeirantes).

Moção de repúdioTanure é o nome que causa mais aversão aos profissionais da Três, preocupados com as condições que ele implantou nos veículos que já adquiriu - como Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil. Os jornalistas da editora já haviam aprovado uma moção de repúdio contra ele.

Segundo alguns repórteres, um bom termômetro para a proximidade de Tanure fechar o negócio é o posicionamento dos editores nas assembléias. "Muitos deles são bem próximos do Dantas e temem perder o emprego se Tanure entrar. Onde um homem de 40, 50 anos que hoje ganha R$ 20 mil ou R$ 30 mil conseguiria um emprego assim?", afirmou um fotógrafo.

A participação dos editores nos movimentos de paralisação da editora foi volúvel e variou de forma similar à percepção de que Tanure fecharia o negócio. Outro indício é a participação de Caco Alzugaray, filho de Domingo, nas reuniões com os jornalistas.

A posição dos profissionais neste momento é só retornar ao trabalho quando o salário for pago. Para evitar a caracterização de abandono de emprego, os jornalistas irão à empresa e cumprirão suas horas de trabalho até o possível início da greve. Uma vez declarada, os profissionais terão três garantias legais:

1) não poderão ser demitidos; 2) não poderão ser substituídos por novos contratados; 3) não poderão sofrer qualquer tipo de constrangimento para retomar suas atividades.

Revistas nas bancas?

Os redatores-chefe da IstoÉ, Mário Simas, e da IstoÉ Dinheiro, Luis Fernando Sá, participaram das assembléias desta semana - fato inédito até então. Eles pediram aos funcionários que finalizam as revistas e declararam que trabalharão para isso.

Simas afirmou que seu posicionamento será de trabalhar e fechar a revista, independentemente da qualidade final do produto. Chegou a levantar a possibilidade de republicar matérias antigas para preencher as páginas. "Minha decisão pessoal é essa. Vou esperar até segunda-feira para ver qual será a situação", afirmou. "Se a venda não ocorrer até lá, minha posição será outra."

Fonte: Com Agências

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