Revelando seu temperamento revanchista, o presidente da Câmara disse simplesmente que não os convidou porque ''não quis''.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), excluiu na segunda-feira o PSB e o PCdoB no jantar que ofereceu aos líderes partidários na residência oficial da Casa, expondo um conflito com os dois partidos que ficaram contra ele a favor de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na disputa pela presidência da Casa.
''Espero que não (seja retaliação)'', afirmou o líder do PSB, Márcio França (SP). ''Não fiquei sabendo do jantar. Não me chamaram. Pode ser que seja assunto só deles'', disse o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE).
No jantar foram convidados os líderes do PMDB, do PP, do PR, do PTB, do PDT, do PSDB, do PFL, do PV, do PPS, do PSC, do governo e da minoria. O PDT forma bloco parlamentar com o PSB e o PCdoB, mas esteve no encontro com Chinaglia.
''(Não convidei) porque não quis'', respondeu Chinaglia ao ser questionado sobre o motivo de não ter chamado os dois partidos para o jantar. ''Evidentemente não foi por isso'', afirmou Chinaglia, respondendo se o motivo da exclusão dos líderes do PSB e do PCdoB ainda era resquício da disputa pela presidência da Câmara.
Em entrevista, o presidente da Câmara disse que haverá outras oportunidades para reunir os deputados. ''Foi para aumentar a nossa amizade e manter nosso relacionamento solidário, mesmo com divergências'', afirmou Chinaglia, que evitou falar mais sobre o jantar. ''O dia que eu tiver de dar satisfação com quem eu almoço ou janto já é muito'', disse.
A exclusão dos dois líderes demonstra que a relação de Chinaglia com o PSB e o PCdoB azedou. Sem falar abertamente, o PSB reclama de que Chinaglia tem discriminado o partido. ''Pode parecer injusto, mas é uma série de coincidências'', afirmou França.
O líder do PSB lembrou que até hoje há deputados do partido que não estão em comissões permanentes da Casa, porque Chinaglia não redistribuiu as vagas dos partidos que perderam deputados para outras legendas.
Indicações
Além disso, França disse que o presidente da Casa não o consultou sobre a indicação que fez dos deputados do PSB que vão relatar ou presidir comissões de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Chinaglia escolheu o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) para presidir a comissão especial que vai analisar o projeto de lei que trata do valor do salário mínimo e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) para relatar o projeto que trata de defesa do consumidor. Delgado foi um dos apoiadores de Chinaglia na disputa contra Aldo, contrariando o partido.
''É delicado. Se eu não indicar Júlio para a comissão, ele não poderá ser o presidente que Chinaglia escolheu'', afirmou França. ''É claro que não vou fazer isso com o Júlio'', completou. Cabe ao líder do partido indicar os integrantes das comissões permanentes e temporárias. França considerou que, na política, há vitórias e derrotas e que não é útil para o presidente da Câmara manter uma relação ruim com o PSB e o PCdoB.
''Não entendo. É normal uma reação dessa quando a pessoa perde. Mas a quem ganha, resta a generosidade'', disse o líder do PSB.
Os líderes dos partidos que participaram do jantar contaram que Chinaglia falou da necessidade de dar uma nova imagem a Casa. ''Foi uma conversa geral'', afirmou o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP). ''Ele (Chinaglia) falou da situação geral da Casa e que devemos tentar melhorá-la'', resumiu o líder do PPS, Fernando Coruja (SC).
Fonte: Agência Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário