* Por Mauro Santayana
Jornalista, maurosantayana@jb.com.br
É nesse contexto que devemos examinar os nossos problemas. Temos que escolher entre continuar na política de entrega dos recursos naturais aos estrangeiros, ou retomar o projeto nacional de desenvolvimento de Vargas e Juscelino. O neoliberalismo, sob a bênção polonesa do papa Wojtyla, contrariava o senso da realidade e já se encontra perempto. A Inglaterra passa pela pior fase de sua economia, desde o fim da II Guerra Mundial, destruída pela deregulation de Mme. Thatcher, e os Estados Unidos financiam a guerra e o desatino consumista de sua sociedade com dinheiro chinês.
Temos questões urgentes a serem resolvidas, como as da soberania sobre a Amazônia, o aproveitamento dos grandes recursos minerais, entre eles os das jazidas de petróleo situadas abaixo da camada de sal da costa atlântica, e a integração dos grupos culturais diversificados de nossa população que a insensatez pretende transformar em nacionalidades.
Os interesses privados, associados ao capital estrangeiro, mobilizam-se para se apoderar do petróleo subsalino. Não admitem que haja novas regras. Querem continuar extraindo o óleo e repassando ao Estado a reduzida participação de menos de 40% sobre os resultados, decidida pelo governo anterior, quando, em outros países produtores, ela passa de 80%. O governo pretende mudar as regras do jogo, mesmo porque o cacife agora é outro. O monopólio da União sobre o petróleo autoriza o Estado a decidir o que fazer dele. Poderá o governo, como maior acionista da Petrobrás, convocar o aumento da capital da empresa, e aportar o valor das novas jazidas, a fim de elevar sua participação e fortalecer o controle acionário, ou criar nova entidade, a fim de administrar o imenso manancial descoberto.
A Vale do Rio Doce também deve alinhar-se ao projeto nacional de desenvolvimento. A empresa, na ânsia de livrar-se da identidade nacional, mudou o nome que a vinculava a Minas e ao Brasil, e se desfez de seu logotipo. Quando se toca nos emblemas, há poderosos interesses políticos
Temos de enfrentar, também, o falso problema étnico no país, antes que ele sirva aos que pretendem insuflar conflitos internos, a fim de destruir nossa soberania. Os negros, mediante o senador Paulo Paim, reivindicam cotas de empregos. Pretendem que 46% das vagas em empresas com mais de 200 trabalhadores sejam a eles destinadas. E aqui chegamos ao domínio do nonsense: é quase impossível saber quem é negro, e quem é branco no Brasil, um país – graças a Deus! – de mestiços. Seria impossível estabelecer os direitos proporcionais à composição genética dos mulatos, dos cafuzos, dos mamelucos e dos albinos. A regra provocaria disputa irracional entre os trabalhadores a partir do matiz de sua pele.
O problema social no Brasil não está na divisão entre brancos e negros, e, sim, entre pobres e ricos, como sabemos todos – menos alguns.
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