quarta-feira, 9 de abril de 2008

Bahia registra mais crimes de ódio a Gays

O número de homossexuais e travestis assassinados no Brasil aumentou em 30% no ano passado em relação a 2006. É o que revela o relatório anual sobre mortes violentas envolvendo homossexuais, divulgado nesta terça em Salvador pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), considerada a mais antiga organização não governamental de defesa de direitos humanos dos homossexuais da América Latina.
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Conforme o levantamento, único do gênero realizado no Brasil, ocorreram 122 assassinados em 2007, 70% envolveram gays, 27% travestis e 3% lésbicas. A Bahia ficou com a liderança no número de casos, registrando 18 mortes, seguida de Pernambuco com 17, Rio Grande do Norte com 9, Alagoas 8, Maranhão e São Paulo com 7 vítimas cada um. O Nordeste foi considerada a região mais perigosa para homossexuais, pois, conforme o GGB, 60% dos casos ocorreram nos Estados nordestinos. Com isso, a entidade calcula que um gay nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que os que moram no Sul e Sudeste.
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Segundo o GGB, o Brasil é o País onde se mata mais homossexuais, com média superior a cem vítimas por ano, seguido do México (35) e Estados Unidos com (25). A pesquisa é realizada desde 1980 e tem como base as notícias de jornal e internet envolvendo assassinatos de homossexuais, “já que não existem estatísticas governamentais contra crimes de ódio no Brasil”, diz o GGB, assinalando que o relatório “é o principal documento mundial sobre crimes homofóbicos; seus dados são citados tanto pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Brasil quanto pelo Departamento de Estados dos EUA”.
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O antropólogo e historiador paulista Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, admite que a estatística é subestimada, acreditando que “o número verdadeiro deve ser muito maior”, pois, além de carecer de informações sobre quatro Estados (Rio Grande do Sul, Amapá, Rondônia e Roraima), a pesquisa se restringe a casos divulgados na mídia.
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Responsável pela coleta dos dados, Mott revelou que, de 1983 a 2007, foram documentados 2.802 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (972 casos) a partir de 2000. Somente nos três primeiros meses de 2008, já foram registrados 45 homicídios de gays no País.
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O documento que lista os crimes de 2007 constata que a maioria das vítimas são “travestis profissionais do sexo”, professores, cabeleireiros e ambulantes. Geralmente os gays são mortos em dentro de casa a facadas ou estrangulados, enquanto os travestis costumam ser mortos na rua.
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* Biaggio Talento, da Agência A TARDE

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