quinta-feira, 14 de maio de 2009

Entrevista com Geddel Vieira Lima, Ministro da Integração Nacional

Geddel Vieira Lima fala que sua candidatura ao governo do Estado é uma hipótese que ele considera cada vez mais e diz que o governo Wagner está deixando a desejar em muitas áreas. O ministro também criticou o fato do governador não ter recebido os prefeitos, que foram em passeata até a governadoria no último dia 28 de abril. “Foi um erro, um equívoco do governador e da sua estrutura política não receber os prefeitos. E os equívocos sempre custam caro”, afirma Geddel.
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A doença da ministra Dilma Roussef pode mudar os planos do governo para a sucessão presidencial?
Geddel - Você tem que perguntar isso ao presidente Lula. Os planos do PT nessa questão dependem muito do presidente Lula. O que nos cabe nesse momento é rezar para que a ministra tenha um bom desempenho no combate à doença. Em relação às eleições de 2010, a posição do PMDB ainda está sendo discutida. O nosso compromisso efetivamente é dar sustentação ao governo do presidente Lula. O que vai acontecer em 2010 será discutido no momento oportuno.
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A última pesquisa divulgada na Bahia, feita pelo Inpesp, o instituto de pesquisa do marqueteiro Antônio Lavareda, colocou o ex-governador Paulo Souto com 44% das intenções de voto para governador, Wagner aparece com 34% e o senhor com 14%. Ainda falta um ano e meio para a eleição, esse patamar de 14% na preferência do eleitorado é um bom patamar para iniciar uma campanha?
Geddel – Bom não, excelente. Você me compara com alguém que já disputou cinco eleições majoritárias. Foi governador duas vezes, senador, vice-governador, e perdeu a última eleição disputando o governo do Estado. Compara-me com o atual governador que já disputou três eleições majoritárias. Eu nunca disputei eleição majoritária, nem ao menos disse que sou candidato a governador, então, se o meu nome aparece na pesquisa com 14% das intenções de votos, eu só posso estar feliz e estimulado cada vez mais a aceitar esse desafio de governar a Bahia.
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Na quarta-feira passada num pronunciamento no plenário da Câmara, o deputado ACM Neto criticou duramente o governador Jaques Wagner e chegou a fazer um alertar ao PMDB, dizendo que já está na hora do PMDB deixar o governo de Wagner, pois o governo dele seria um barco que está fundando. O PMDB fica no governo mesmo que com o barco afundando?
Geddel – Primeiro, eu acho que o deputado ACM Neto manda recado para o DEM. O que ele fala para o PMDB, evidentemente, não tem maior importância. Segundo, eu tenho críticas a fazer ao governo Wagner, acho que muitas áreas estão deixando a desejar. A questão da segurança pública, a relação com os municípios, que precisam do governo próximo para resolver os problemas, pois é no município que as pessoas vivem. A questão da saúde pública também está deixando muito a desejar. Eu creio que o governador Wagner está deixando de lado compromissos que nos motivou a estar com ele em 2006. Precisa mudar, senão o que a pesquisa está refletindo hoje deverá se tornar cada vez mais uma realidade e o governador poderá ficar sem condições de se candidatar à reeleição. Nós estamos prontos para ajudar o governo naquilo que, efetivamente, for bom para a Bahia. Agora, temos sim críticas a fazer à gestão do atual governador.
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No último dia 28, a UPB organizou em Salvador uma marcha dos prefeitos do interior em protesto contra a queda na arrecadação dos municípios e contra o tratamento que eles estariam recebendo do governador. O ministro não compareceu a essa mobilização para evitar que o evento fosse entendido como um ato político?
Geddel – Eu não compareci, porque eu tinha agenda em Brasília. Você há de concordar comigo que o papel de um ministro de Estado não é na terça-feira participar de um movimento desses, por mais importante que ele seja. Agora, o fato de eu não ter comparecido não significa que eu não tenha participado. Participei estimulando os prefeitos, conversando com os prefeitos, identificando problemas e dizendo de forma clara que, além de ministro de Estado, e muito além de ministro de Estado, eu sou uma liderança política da Bahia. Eu sou deputado federal eleito com 300 mil votos e por via de conseqüência eu sou solidário aos prefeitos, à luta dos municípios, dos vereadores, à luta da imprensa que faz a cobertura dos municípios e sabe que é aqui que as coisas acontecem. Aliás, disse com clareza que estou permanentemente de portas abertas, como ministro, como deputado, como cidadão, para receber os prefeitos, ouvir suas reivindicações e levar essas reivindicações a quem pode decidir ou decidir quando estiver na minha área. Eu não vi essa manifestação como um ato contra o governo. Discordo dessa posição, manifestei publicamente minha discordância a respeito disso. Foi um erro, um equívoco do governador e da sua estrutura política não receber os prefeitos. E equívocos sempre custam caro, são problemas que precisam ser corrigidos. Eu, da minha parte, participei e continuarei aberto para atender os prefeitos, ouvir os prefeitos. È como sempre faço tudo em minha vida. Pode atender? Sim. Não pode atender? Diz não e vamos buscar outra solução.
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Ministro, o senhor é candidato a governador?
Geddel – É uma hipótese que a cada dia eu considero mais. Evidentemente, eu não posso dizer que sou candidato de mim mesmo. Mas se as manifestações do povo e a rede de apoio continuar aumentando da forma que vem acontecendo, é claro que é uma hipótese que eu considero, porque afinal de contas me preparei para isso a vida inteira. Conheço a Bahia, conheço seus problemas, e tenho absoluta certeza de que como governador desse Estado poderia fazer um governo que a Bahia jamais se esqueceria. Mas vamos discutir o assunto na hora que o momento chegar, ainda não é momento.
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* Entrevista cedida ao site "Bahia Dia Dia" em 01 de maio de 2009

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